São inúmeras as formas de se amar, são infinitas as possibilidades de se viver um amor ao longo da vida, seja ele na forma que for. Talvez, infelizmente, não consigamos vivenciar todas essas formas de amar, mas aquela que surgir no seu caminho, que te fizer sentir algo especial, que realmente tocar seu coração, que seja de maneira intensa, que inunde seu ser, que valha a pena.
Apareceu, no meu caminho, a chance de ser tia. Tendo um irmão e uma irmã, sabia que essa era uma forma de amar que apareceria na minha vida, eventualmente. Eu imaginava como seria, vislumbrava uma faceta minha que ainda não existia. E aí nasceu, dia 18 de Abril de 2017, há 3 anos, você, Guilherme. Nasceu também meu lado tia. Lá estava você, do lado de lá do vidro da maternidade, chorando e, ao mesmo tempo, observando tudo ao seu redor. Lá estava eu, do lado de cá do vidro, ouvindo meu próprio coração batendo acelerado, querendo fazer parar aquele chorinho de quem não estava entendendo nada, de quem havia acabado de chegar ao mundo. Queria já proteger, secar as lágrimas, passar um calor que te fizesse perceber que você havia chegado onde já tinha amor, por mais que, naquele formato, também tivesse acabado de nascer ali, naquela maternidade.
O amor de tia foi sendo descoberto, foi amadurecendo, foi ganhando dias, colecionando momentos, construindo memórias. Passei a dar ainda mais valor a cada segundo juntos, vi como realmente cada respiração vale a pena quando estamos ao alcance das mãos um do outro, como cada momento compartilhado importa Com você vivencio um amor realmente diferente, o que mais deve se aproximar de um amor maternal. Me pego, muitas vezes, imaginando um mundo limpo, dias com pôr-do-sol dourados, arco-íris e flores margeando um caminho límpido e claro por onde você pudesse passar. Me pego imaginando um mundo melhor, mais justo, mais cuidado e mais cheio de paz, só pra você viver nele. Me pego querendo ser uma pessoa melhor e com mais capacidade de poder fazer o que for para que seus sorrisinhos nunca abandonem seu lindo rostinho, e para que sua inocência e pureza durem o máximo de tempo possível. Fico com vontade de parar o tempo, nem que fossem com minhas próprias mãos, só pra poder te dar muitas mamadeiras mais com você já dormindo, para arrumar seus cachimbos dourados que o vento atrapalhou, e só pra você ainda falar meu nome errado, porque ainda não consegue falar todas as letras. É que, sabe, um dia vai dar saudade ao lembrar da época em que você corre atrás dos "bichos-luz", ou corre para a janela para ver "iô", ou corre para o nosso colo quando quer algo que ainda não alcança. É tão bom você ainda depender da gente para algumas coisas, como entrar na piscina, que você tanto gosta, ou para colocar desenhos de "iô" na televisão. É, vai mesmo, dar saudade. Mas se vai dar saudades, é porque é bom, e é por isso que temos que aproveitar cada segundo do que a gente sabe que é especial.
Falando em especial, eu amo essa foto nossa, acho que é minha preferida. Não vimos quando foi tirada pelo seu papai, lá no sítio. É porque estávamos aproveitando esse momento nosso juntos. Eu lembro que estava te explicando como é bom a água molhar a plantinha, porque ela tem sede, como nós. Eu explicava, mostrava e falava. Você, geralmente tão agitadinho e cheio de energia, ficou parado, em silêncio, me ouvindo, prestando atenção. Hora olhava para mim, hora olhava para a plantinha bebendo água. E no meio disso tudo, você segurou a ponta dos meus dedos. Eu parei de falar. Foi um dos maiores momentos de cumplicidade que tivemos até hoje, momento de tia e sobrinho. Não sei se você vai lembrar desse dia daqui a um tempo e, provavelmente, teremos muitos outros momentos mais pela vida afora de cumplicidade um com o outro. Mas esse me marcou, ficou registrado na foto e no meu coração. Não sei, acho que é porque foi um dos primeiros. No dia anterior ficamos um tempão juntos olhando "bichos-luz", até deixei um deles andar em mim pra você vê-lo melhor, e depois você acabou fazendo o mesmo. Mas foi um momento mais descontraído, diferentemente desse momento da foto, onde a conexão foi mais forte, mais séria, onde realmente você estava absorvendo algo que eu estava te passando. Provavelmente, nesse dia, nos descobrimos um pouco mais, tocamos ainda mais fundo no coração e na alma um do outro.
Guilherme, sua titia mora longe praticamente desde quando você nasceu. Já treinávamos o contato à distância quando eu conversava com você através da barriga, para que você já reconhecesse minha voz. Hoje, nas chamadas em vídeo que fazemos, você nem me vê e já me reconhece. É a mesma voz, é mesmo amor que chega até você. Eu achava que iria doer muito mais morar longe de você, mas é incrível ver como Deus nos dá forças e nos prepara para tudo. Saiba que eu envio muito amor a você todos os dias. Envio amor, mas guardo também um punhado enorme no meu peito só esperando para poder te entregar pessoalmente sempre que nos encontramos. Me pego sempre pensando em como queria uma ponte nos ligando um ao outro. Mas aí vejo uma plantinha bebendo água e um "bicho-luz" e me lembro de que essa ponte já foi construída há muito tempo, assim que uma tia e seu sobrinho nasceram juntos, em uma maternidade, há três anos.
Te amo, meu lindo, amado, doce e querido Guigui. Que Deus conserve sua inocência, sua alegria, que seus pequenos sonhos te guiem para uma vida cheia de realizações, e que Deus e seu anjinho da guarda te protejam de todo o mal. Quero ser uma referência de amor pra você, assim como você é para mim. Obrigada por me ensinar tanto, principalmente essa "forma tia"de se amar. Muita saudade, até breve!
Lindo texto. Retrata de maneira
ResponderExcluirmuito leve e gostosa o lindo amor da tia pelo sobrinho.
Oi Roberta! Queria ter lido este texto muito antes, logo depois de ser editado. Mas só agora eu li e chego à conclusão que há muito tempo não lia palavras tão carinhosas, tão suaves e amorosas. Realmente o amor de tia pode se confundir com o amor de mãe desde que o amor da tia seja um amor sincero e leal, como é o seu pelo Guilherme. Parabéns por saber concatenar tão bem as palavras e seus sentimentos.
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