Sobre São Paulo



  Ainda me lembro da primeira vez que te vi. Foi do alto, da pequena janela de um avião que já me mostrou toda a sua imensidão. Quantos prédios a perder de vista como se fosse a linha do horizonte no mar dizendo que não era ali o fim, que iria mais além. E como ia mesmo além.

  Descobri, em terra, como realmente a linha do horizonte indicava lá do alto o que era apenas como se fossem reticências em um texto. A cidade grande vista do alto guardava um mundo ainda maior em solo, onde os mesmos prédios tão pequenos lá de cima tampavam a visão do céu quando vistos do chão. Prédios enormes, diferentes, modernos, antigos, iluminados, pichados, abandonados, ocupados, enfeitados, envidraçados, comerciais, residenciais. Prédios que emolduram as ruas tão movimentadas, cheias de vida, acolhedoras, cheias daquilo que quase não vemos em outros lugares. Ruas essas que comportam trânsitos intermináveis, pessoas de todos os tipos, estilos, tamanhos, raças, cores, ritmos, humores e objetivos. Pessoas que pulsam nas ruas, que dão o ritmo da cidade, que se trombam, se encontram, desencontram e se dividem entre tantas direções, tantos propósitos, tantos destinos, tantas possibilidades que São Paulo as oferece. E quando as ruas não comportam mais tanta gente, tanto trânsito e tantos horários a serem cumpridos, os túneis de metrôs subterrâneos acolhem todos aqueles que só querem chegar a seu destino, ou aqueles que querem ganhar a vida vendendo produtos ou a própria voz dentro dos vagões e estações sempre cheios. Imaginei os túneis de metrôs recebendo todas aquelas pessoas vindas das ruas cheias como se fossem os olhos recebendo as lágrimas que são os sentimentos que não cabem mais em um coração lotado de emoções.

  É, São Paulo... estive reparando você. Estive te admirando, te estudando, te formulando na minha mente e no meu coração. Estive, nas três vezes em que tentei me passar por paulistana por alguns dias, procurando entender o que você tem, o porquê de tantas pessoas te amarem, venerarem, o motivo pelo qual é considerada por tantos o coração do Brasil. Fiquei sem saber se é por causa da sua imensidão territorial e cultural, se é pelas suas inúmeras variedades em todos os aspectos, se é pelas novidades, surpresas e detalhes em cada parte, se é por acolher tantas pessoas de tantos lugares do Brasil e do mundo, ou se é simplesmente porque você pulsa vida, realmente, em cada esquina, em cada viaduto, em casa comércio, em cada porta que se abre ao amanhecer e em cada janela que se fecha quando o sol (ou a garoa) vai embora. 

  Falando em ir embora, sempre vou levando um pedaço de você. Sempre deixo também um pedaço de mim, uma gratidão por ser sempre tão bem recebida, por ter a chance de te conhecer um pouco melhor a cada visita e por trazer comigo, mais do que souvenires, as lembranças e os detalhes de se caminhar pelas ruas pulsantes de uma cidade que segue no ritmo das batidas do meu coração.

  Te amo, São Paulo! Uma singela homenagem de uma mineirinha que aprendeu a amar você!






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