Existem muitos tipos de saudade. Geralmente, quando essa palavra, muitas vezes temida, vem à tona, lembramos logo daquele sentimento ruim que significa a permanência de uma parte de alguém ou de um momento que já se foi. Esse dói, machuca, faz sangrar, abre feridas que muitas vezes viram cicatrizes em nossas vidas e, pior ainda, em nossos corações.
Mas fora o tipo mais comum da saudade, existem outros que trazem sentimentos e sensações que não sejam necessariamente a dor. Existe, por exemplo, a saudade de uma época boa da vida que enche o coração de gratidão por ter acontecido. Existe a saudade de algo que não chegou a ser de fato vivido, mas que existiu de forma bem real apenas na imaginação, e que deu asas para outros momentos existirem. Existe a saudade antecipada, tamanha a grandiosidade e o anseio do que está por vir. E existe, ainda, a saudade do que foi bom, mas que nem teria espaço para ser vivido novamente, nem se uma máquina de volta ao passado existisse.
Pois é, a saudade pode sim ser manifestada de muitas formas, sendo que todas deixam um gostinho na boca, seja amargo, seja doce, seja aquele gostinho de "quero mais" ou até mesmo o gostinho da saciedade, do esgotamento de todas as formas possíveis de uma vida bem vivida, onde nem mesmo caberia um "bis".
Todas essas formas de saudade vivem em mim. Todas elas se misturam no liquidificador da minha alma chamado nostalgia e me inundam de um coquetel de sentimentos diariamente. Sinto saudade de tudo o que já vivi, de cada fase, de cada pessoa que já cruzou o meu caminho, de cada momento. Sinto saudade de um chá de cadeira em uma sala de espera de um consultório médico ou de um aeroporto que me proporcionaram conversas intensas e inesquecíveis com alguém especial, saudade de pessoas que nem ocuparam um lugar de tanta importância ao longo dos meus caminhos ou que até mesmo nem seguem mais nos mesmos caminhos que os meus, mas que me ensinaram algo importante. Saudade das fases não tão boas, mas que me prepararam para momentos melhores. Saudade das lágrimas que me fizeram reconhecer o valor de um momento de felicidade. Saudade dos meus muitos momento bem acompanhada e também dos poucos momentos de solidão que me fizeram me encontrar comigo mesma. Saudade do que já vivi e do que ainda vou viver, ainda mais sabendo de tantos momentos especiais e únicos que chegam e passam na velocidade de um sorriso.
Pois bem, as saudades fazem parte sim de mim, de você, de todos nós. Elas podem doer, engrandecer, nos paralisar ou nos mover. Para mim, elas sempre me fizeram sentir viva, grata, me fizeram ser a pessoa que sou hoje, me fizeram sentir que a vida é feita de muitos pequenos detalhes e momentos, e que são esses que merecem sempre ser lembrados.
Sigo firme nas estradas da vida. Vou aprendendo com os obstáculos, com as dificuldades, curtindo a vista, parando quando é necessário, indo devagar quando convém, observando os detalhes dos caminhos. O certo é que, em cada chegada, sempre haverá muitas saudades para serem acrescentadas nos álbuns da minha vida. Mas, mais certo ainda, é como a saudade e suas inúmeras formas abrem caminhos para a gratidão de uma vida cheia de caminhos que levam a sermos quem somos hoje.
Esse texto descreveu um sentimento que, com certeza, todos nós já sentimos em algum momento. Muito sensível e verdadeiro.
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