Hoje acordei e vi que estava tudo diferente de quando havia acordado nos últimos dias. Não via nada além da luz do sol, que substituía a lua cheia da noite anterior, e que anunciava o dia que eu temia que chegasse. Mas chegou. Não ouvia passos no chão nem nada, a não ser um silêncio que gritava, de forma ensurdecedora, nos ouvidos do meu coração. Não havia cheiro de café feito, não havia nada a tocar a não ser o vazio quase palpável que havia chegado junto com o mês de Junho, não havia o gostinho de um café da manhã compartilhado.
Pois é, dormi em Maio e acordei em um mês de Junho que trazia meus cinco sentidos sem nada conseguirem sentir. Experimentei as contradições de odiar ter muito espaço para andar, de detestar ter o banheiro só para eu usar, de não esbarrar em ninguém na pequena cozinha que tanta gente e calor humano abrigou. Odiei não ter resquícios de uma noite de petiscos e cervejas internacionais na mesa da sala.
E quer saber? Doeu. Machucou. Ainda dói. Busquei a rua como refúgio, mas lá também havia muitos espaços em uma cidade que serviu de palco para muitos abraços, beijos, sorrisos, andanças, fotos e coleção de novos e deliciosos momentos vividos em grupo. E foi aí então que eu vi que, acima de tudo, o vazio estava dentro de mim. O apartamento vazio e as ruas vazias de emoções se refletiram no meu coração, que bombeou esse vazio para cada terminação nervosa do meu corpo, principalmente para os olhos. E aí aceitei que não adiantava fugir, que a escapatória seria realmente as válvulas de escape do meu corpo que colocariam para fora esse sabor amargo do vazio, agindo em consonância com o passar do tempo.
E foi assim. Passei o dia me permitindo sentir o inevitável. Saudade, tristeza, vazio, não importa o nome que eu tentei dar. O que importa é que é um sentimento que existe depois de uma coisa muito boa ter acontecido. E é inevitável. E faz parte da vida. E vai passar. Vai passar de mãos dadas com o tempo, esse mesmo tempo que vai me trazer a sensação de casa, ruas e coração cheios novamente. E graças a Deus sei exatamente onde e com quem encontrar essa saciedade. Na verdade, já encontro também todos os dias ao lado de uma das pessoas da minha vida que topou me dar a mão e dividir comigo esses sentimentos que vêm no "pacote" da estrada que escolhemos seguir juntos.
Já de volta em casa, cheguei na janela. A noite já ia alta e nada da lua cheia vista da mesma janela dos últimos dias. O céu também estava vazio. Mas até que foi melhor assim. Eles levaram com eles a lua cheia que tanto gostamos de dividir nas noites anteriores e que seria ruim para mim hoje vê-la sem suas companhias. Hoje as cortinas dormirão fechadas e meu coração aberto, pronto para um novo dia, novos planos e novos sorrisos. Porque o vazio nunca dura muito tempo dentro de um coração sempre cheio de amor pelas pessoas e pelos momentos que, de tão bons, causam essa sensação de "gostinho de quero mais".
Até a próxima, família!
Que texto repleto de sentimentos fortes. Sentimentos esses externados de forma leve mas que tocam fundo nas emoções. Amor lindo e incondicional descrito de maneira tão simples e, ao mesmo tempo, tão intenso.Parabéns!
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