Entre o ir e o deixar
Seguir em frente. Já nascemos tendo que seguir em frente. Sempre aprendemos isso desde que começamos a andar. Um passo atrás do outro e, caso ocorra a queda, o negócio é levantar e seguir em frente.
Chegamos nesta vida zerados, como quando compramos um carro novo sem nada seu dentro. Com o tempo ele vai ganhando seu jeito, seu cheiro, seus objetos pessoais dentro, como seus CD´s favoritos, seu óculos de sol, aquela blusa de frio para uma emergência, moedas, lixeira e uma balinha. E assim é a vida. Com o passar do tempo vamos adquirindo manias, experiências, crenças e aprendizados que nos fazem ser quem somos, e essa bagagem de vida vamos colocando no porta malas e no bagageiro para nos acompanhar ao longo da estrada da vida.
Essa estrada chamada vida tem suas curvas, seus perigos, seus obstáculos, paisagens lindas, outras nem tanto, suas retas entediantes, suas paradas, suas continuidades. Há aquelas pessoas que são seus caronas fazendo a viagem ser mais prazerosa e outras, por vezes, tomam a direção para você quando sua sensação é de que se deve parar um pouco e descansar. E assim escolhemos um rumo e vamos seguindo em frente, sempre na esperança de chegarmos "lá", seja onde quer que esse "lá" seja. Esse "lá" pode ser um sonho antigo, mas também pode variar de acordo com a fase da vida. Mas o certo é que esse "lá" nunca é o ponto de chegada final e definitivo. Sempre damos um jeito de acharmos um novo "lá", um outro motivo para entrarmos novamente no carro e seguirmos estrada mais uma vez.
Estarmos no nosso "carro" dirigindo pela "estrada" chamada vida é o que fazemos quando acordarmos todos os dias. O que aprendemos desde crianças, os ensinamentos dos nossos pais e familiares, professores, amigos, levamos sempre com a gente no bagageiro e no porta malas. São esses ensinamentos que nos fazem decidir entre pegar uma nova estrada ou continuar seguindo pela mesma. São o que nos ajudam a sabermos lidar com algum obstáculo, ou simplesmente sabermos dar valor à paisagem. Olhe pelo retrovisor e verás que o que já foi vivido estará sempre no seu campo de visão, fazendo parte do caminho já percorrido. Olhe em frente e verás, mesmo que ao longe, onde se quer chegar, mesmo que ainda faltem muitos quilômetros para isso. Olhe para o lado e notará que a paisagem à sua volta é a sua situação atual. Tudo parece nublado? A névoa uma hora passa. Está atravessando uma tempestade? Concentre-se, segure firme o volante e faça o melhor para passar ileso por ela. Está à noite, com pouca visibilidade do que vem pela frente? Diminua a velocidade e vá devagar, enxergando o que é palpável no momento, mas sem deixar de acreditar que a luz logo virá. E se o dia estiver ensolarado, aproveite a paisagem e seja grato pelo momento favorável. O certo é que cada um passa por todos esses tipos de situações em sua estrada, e que todas elas formam o que cada um se torna ao longo do caminho.
O importante é não pararmos nunca. Ao seguirmos em frente, assim como aprendemos desde pequeninos, já começamos a deixar algo para trás. Faz parte da evolução perder algo quando se ganha alguma outra coisa. Mas a vida é assim, buscamos novos caminhos sem deixarmos de olhar pelo retrovisor para lembrarmos de tudo o que já vivemos e que estamos deixando para trás, com as lições e aprendizados bem guardados no bagageiro e no porta malas, e com os olhos prioritariamente em frente, porque é para lá que vamos. É pelo destino que continuamos dirigindo nossas vidas, e é ele que faz tudo isso ter sentido.
Enquanto há vida, há paisagens antigas e novas, há destinos que traçamos e outros que simplesmente surgem inesperadamente e acabam nos surpreendendo, e há muita bagagem. Bagagem emocional, bagagem material, não importa. É essa bagagem que vai aliviar a saudade do que já passou e que, por vezes, embaça os olhos com lágrimas do que aperta o coração.
Uma coisa que aprendi é que o mais importante não é o destino, e sim o caminho. A vida é o próprio caminho com suas companhias, suas experiências e com aquele ventinho fresco no rosto que te faz lembrar como é gostoso e como vale a pena se aventurar por essas tantas estradas da vida.
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